A arte é uma ferramenta excepcional quando o assunto é inclusão, tendo em vista que ela é essencial para a formação cultural de um indivíduo. Mas, como ela é de fato exercida em nossa sociedade e qual sua relevância dentro deste cenário? É necessário que, primordialmente, as pessoas esqueçam a ideia de que acessibilidade se trata apenas de implantar rampas de acesso ou colocar banheiros adaptados nos estabelecimentos.
A inclusão implica em uma série de contextos que são principalmente parte de uma questão social, porque para que a inclusão seja efetivamente benéfica, existem por trás disso, pessoas que precisam ser capacitadas para lidarem com aqueles que têm uma limitação maior á nossa.
É claro que existe também uma falha por parte dos espaços e atividades culturais para que promovam mais a inclusão, porque a falta disso faz com que pessoas com deficiência se sintam exclusas. Sabe-se que nem toda pessoa com deficiência vai gostar de arte, teatro, exposições etc, mas a ideia dele poder gostar ou não e ter acesso a isso é o que trás á tona o que de fato significa incluir.
Segundo o decreto n° 5296, de 02 de dezembro de 2004, todos os tipos de obras públicas têm a obrigação de garantir acessibilidade, isso não está ligado somente ao transporte público, como também á parte arquitetônica e urbanística da cidade. Muito embora saibamos que a cidade de São Paulo é irresponsável no que diz respeito á tornar ambientes acessíveis, existem lugares que disponibilizam dessa acessibilidade, mas ainda sim, falta-se muito para falarmos que somos inclusivos, de fato.
Segundo a UNESCO, no Brasil são 45,6 milhões de pessoas, que representam quase 24% da população brasileira com algum tipo de deficiência. Sabendo dessa estatística, por que não há uma mobilização governamental em cima da implantação de meios acessíveis á todo tipo de deficiência? Se tratando de mercado cultural, há muitos teatros, museus, cinemas e centros culturais que possuem acessibilidade para pessoas com deficiências físicas e motoras, mas uma porcentagem muito mínima para aqueles que possuem deficiências mentais e/ou intelectuais (Guia da Acessibilidade Cultural de São Paulo). Então, o que é incluir? Inclusão se tornou uma termologia, uma tendência, é bonito falar sobre inclusão, mas nem todos estão preparados á lidar com ela.
UM EXERCÍCIO DE INCLUSÃO
Há segmentos culturais, como teatro, que entenderam a importância da inclusão e trouxeram uma nova perspectiva para a arte. Um grande exemplo disso é nossa Cia “OIhos de Dentro” que atua desde 2002, coordenada pela diretora Nina Mancin, que deu início ao projeto.
Nina trabalha com atuação há 26 anos, mas há 18 é que o teatro inclusivo tomou espaço em sua vida. “As pessoas me perguntam como eu adaptei tudo isso, mas acho eles que me adaptaram, porque eu não dirijo eles como deficientes, dirijo como pessoas normais” relata Nina.
Primordialmente, ela dava aula para pessoas com deficiências visuais, físicas e pessoas sem qualquer tipo de deficiência, com o passar do tempo, começou a inserir outros tipos de deficiências, como Síndrome de Down, deficientes auditivos, Síndrome do X Frágil, deficiências múltiplas, entre outras, que assim deram origem á Olhos de Dentro.
O curso é muito procurado tanto por pessoas com/sem deficiência, quanto por pessoa que tem baixo poder aquisitivo, levando em consideração que não há a cobrança de uma mensalidade para participar do curso, apenas uma ajuda de custo daqueles que puderam colaborar para investimento de figurinos e cenários das peças que acontecem anualmente. O único apoio que a Cia tem é o do espaço físico, que é cedido pela APETESP – Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo.
Aqui não existe um método que é utilizado para lecionar para pessoas com deficiência, apenas alguns exercícios que são adaptados para que todos possam participar, mas o essencial é que um ajude o outro, o que acaba se tornando parte do exercício, para que todos participem, sem exceções e possam conhecer seu próprio espaço e seus próprios limites.
Estamos á disposição dos que quiserem nos conhecer e fazer parte desta inclusão.
Texto por: Layla Oliveira
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