Ator da Cia. Olhos de Dentro, Emilio Figueira, portador de paralisia cerebral,
após anos como psicanalista, cientista e autor de 47 livros publicados no
Brasil e no exterior, estreia agora como romancista com O homem que amou em silêncio.
“Desde minha infância, eu sonhava em ser um romancista. Mas
sabia que teria que estudar muito para isso. Só após uma faculdade de
psicologia, algumas pós e um doutorado em psicanálise, é que me senti preparado
para a estreia como autor de romance”, confessa Figueira, acreditando nas
relações entre literatura e psicanálise.
No romance, Leandro é um executivo bem-sucedido que engrossa
a fileira de pessoas solitárias nas grandes cidades. Para lidar com a solidão,
lembra-se de um antigo amor não vivido, e passa a fantasiar sobre como a sua
vida teria sido diferente se tivesse lutado por aquele amor. As suas fantasias
são tão perfeitas que chegam a se confundir com a realidade.
No mundo real do personagem Leandro, seus dias intermináveis
eram preenchidos por vários verbos: fixar objetivos, planejar, analisar,
conhecer os problemas, solucioná-los, organizar e alocar recursos financeiros,
tecnológicos e humanos, comunicar, dirigir, motivar, liderar sua equipe, tomar
sérias e fundamentais decisões, mensurar e avaliar negociações. “Uma agenda
cheia e um coração vazio”, conforme frisa o autor. Mas, no seu mundo
imaginário, Leandro passa a viver em uma pequena cidade de interior, feliz ao
lado da mulher amada, desfrutando a tranquilidade e os sabores de um lugar
assim. Ali, ele inicia uma grande revolução social, política e econômica, tendo
por pauta a união dos menos favorecidos, que passam a ter noções de cidadania e
direitos. Um retorno à adolescência, quando temos a “grande vontade de mudar o
mundo”. Depois de adultos, tomados por obrigações e deveres, essa vontade é
esquecida e, muitas vezes, nem sequer reparamos no próximo que nos cerca.
O livro nos leva a reflexões existenciais que fazem renascer
do inconsciente os nossos sonhos irrealizados. Mudar a realidade que nos cerca
é uma questão de atitude, segundo o crítico literário Rubens Castro que escreve
no prefácio:
“O mundo imaginário de Leandro é onde ele se realiza
sentimentalmente. Porém, esse realizar-se no amor passa a ser uma coisa menor,
despercebida. O ponto alto é quando ele vai ao encontro de uma comunidade formada
por pessoas simples, pessoas como as demais, que vivem em todas as partes e
passam despercebidas por serem da baixa classe social. Elas mesmas parecem não
se autoperceberem, vivendo em um cotidiano puramente rotineiro, com pouca ou
nenhuma autoestima. Alienadas, creem que suas vidas sejam um fato consumado e
nunca tomam atitudes por si mesmas para transformar a realidade que as cerca”.
O homem que amou em
silêncio, de Emílio Figueira, na sua segunda edição, acaba de ser lançado
pela Giz Editorial. Mais informações no
site do autor: www.emiliofigueira.com.br.
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